quarta-feira, 27 de julho de 2011

Chão

É como cair num buraco negro. Um gosto amargo insiste em permanecer no fundo da boca. A garganta seca, os olhos cinzas, os ombros caídos. A pele opaca. Suspiros...fundos. E desta vez não são suspiros de prazer ou alegria. É daquele tipo de suspiro em busca de ar, em busca de respostas, em busca de você. Onde quer que você esteja agora. É tentando encontrar um lugar para se segurar, tentando firmar as pernas para que o rosto não encontre a face do chão - e é não ter chão para pisar. É caminhar no vazio, tateando o escuro. 
É sentir o corpo cair. É  andar e perceber tudo ao redor perdendo cor, ficando opaco, sem graça. É perder os sentidos. É funcionar no automático e deixar que as horas corram ou se arrastem, sei lá - sem perceber. É ao mesmo tempo vigiar o tempo para que ele passe. É tentar não pensar e, ao tentar, pensar ainda mais. É insônia, angústia, vazio. 
É  s.o.l.i.d.ã.o.
É sentir seu perfume agora queimar as narinas, porque o aroma faz doer a alma, o corpo,  o coração. As lembranças doem. 
É sentir arder o peito, a pele, o corpo. É ter a certeza de que você pode muito mais e  não ter alcance. 
É assim cada dia sem você.


sexta-feira, 22 de julho de 2011

aos 28

Aos 28 anos eu aprendi muita coisa da vida, das pessoas, do amor. Eu aprendi que você só deve dizer a alguém que a ama, quando realmente sentir amor por ela. Aprendi que não devemos "tocar numa vida se não pretendemos romper um coração". Aprendi a perdoar, a pedir desculpas, a correr atrás daquilo que quero e das pessoas que quero. Embora quando o assunto são pessoas eu ainda sou um fracasso. Aprendi a cair. Mas aprendi a levantar. Aprendi que os amigos devem ser poucos, mas são aqueles que sempre terão uma mão estendida, um ombro e um abraço sincero e acolhedor. Aprendi que amar deve ser algo sublime. Mas que às vezes pode machucar. Aprendi com a dor, que não devemos brincar com o amor. Nem com o seu, nem com o de ninguém. Aprendi que na vida tudo é passageiro. Inclusive o sofrimento. E com isso aprendi a me entregar verdadeiramente à tudo o que sempre julguei valer a pena, afinal, um dia vai passar. Aprendi que as coisas são "eternas enquanto duram". Mas muitas delas eu simplesmente não queria que acabassem. 
Aprendi a dar valor às pequenas coisas. 
Aprendi aos 28, que não adianta você querer viver como se tivesse 18. O tempo passa, você amadurece e as coisas deixam de ser como eram quando você realmente tinha 18. Aprendi o quanto as pessoas de 18 conseguem ser frias. Assim como as de 28. Aprendi que por mais que você tente, certas coisas não mudam. Aprendi que "quando um não quer, dois não brigam". 
Aprendi diversas outras coisas e poderia passar mais 28 anos listando tudo. Só não consegui aprender ainda a não amar, a não tratar como prioridade, alguém que só me tratou como opção.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pra você

Paramos o carro num canto qualquer onde pudéssemos fazer uma das coisas que eu mais gostava - passar um tempo admirando seus traços, me perdendo na profundeza de seus olhos castanhos. Por vezes acariciar seus cabelos e deixar que a ponta dos meus dedos reconhecesse cada detalhe de seu rosto. Sentir meu corpo se aquecer a cada sorriso, a cada sinal de que aquele momento também era especial pra ela. 
Desejei parar o tempo ali, naquele instante. Para não deixar o brilho dos olhos dela se perderem por aí. E para que eu pudesse tê-los....sempre. 
Entreguei a ela pequenos pedaços de papéis coloridos, onde, timidamente, representei em desenhos o amor que sinto por ela. Entreguei a ela o meu coração. E em troca recebi um sorriso, daqueles que pedem um carinho, um cuidado. 
E prometi a ela cuidar bem de seu amor, com todo amor que há em mim.