terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Subentenda-me

Sempre gostei do subentendido. Das entrelinhas. Do por trás das coisas.
Sempre gostei do olhar, da linguagem própria dos corpos, dos sinais.
Sempre gostei de jogar com as palavras e tentar decifrar o indecifrável.

Gostei de ve-la passar há algum tempo, de uma mesa a outra, vestindo sua blusa azul. Do seu jeito imponente, blasé até. Um jeito de quem dizia "não mexa comigo". E de pensar que nunca mais a veria, e de me permitir observa-la.
Gostei de me pegar rindo, pensando em quão pequeno é mesmo esse lugar, quando nos vimos novamente. E de me sentir tão viva, pulsando e girando e me perdendo enquanto o mundo dá suas voltas e a vida nos prega suas peças.
Sempre gostei dos altos e baixos da vida.
Gostei de  maneira honesta como nos aproximamos. Do papo, das risadas. Do perdão.
Sempre gostei de sinceridade. E gostei de enxergar verdade em seus olhos.
Gostei do jeitinho como você abrevia meu nome, um jeito tão comum, mas que soa doce em seus lábios.
Gostei de sentir sua mão percorrer minhas costas displicentemente enquanto ríamos numa mesa de bar. E da maneira como ela rapidamente pulou por algumas vezes para minha perna.
Gostei de pensar que talvez fosse um gesto intencional.
E gostei de pensar nas possibilidades...e em você.
Gosto de como isso tem me arrancado sorrisos. E que mesmo que você ainda não faça ideia do que quero de fato, já me faz tão bem.
E gosto tanto de como rio a cada mensagem com cantadinhas subliminares. E mais ainda quando recebo uma resposta.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"..."


Te observo sem que você perceba.
Decoro seu jeito, seu gosto, manias.
Tento decifrar seus enigmas, seus sinais.
Escrevo nas entrelinhas, esperando que você entenda.
Penso em como seria se.
Deixo as borboletas em alerta para que, em qualquer caso façam logo uma revoada.
E espero.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

sentidos



Tenho tantos rostos que nem sei dizer. Tantos olhares e sentidos. Faço mil bocas e caras. Meus olhos voltados para os seus. Minha boca desejando um beijo.
Os dedos, as mãos, os braços sonhando envolve-la.
Tenho mil facetas, prontas para serem descobertas. Mil manias, mil jeitos, trejeitos.
Tenho mil coisas a lhe oferecer, mil estórias pra contar.
Mas tenho um só coração e, que bom, a espera do seu.

domingo, 25 de março de 2012

Quando a luz dos olhos teus

e a luz dos olhos meus resolvem se encontrar...parecem íntimos,cúmplices. Se relacionam de uma maneira que a razão ainda não consegue explicar. Sempre que se cruzam, nossos olhos conversam uma linguagem própria, mesmo que por instantes sempre tão breves.
Instantes capazes de despertar uma inveja danada nos outros sentidos que, também almejam uma aproximação. E como meus olhos se regozijam a cada contato com os seus - que orgulhosos de tal façanha, desafiam a razão e o coração a tomarem atitude. Mas alerta: tenham calma!
Eles mergulham no azul dos teus....desejosos. Pode haver caminho melhor para tocar a alma de alguém?
Faz a pele sentir, o tato se aguçar em busca do toque, o paladar querer o gosto, o olfato procurar por cheiros...o coração desejar um sim.
E meus olhos, perdidos, juntam-se a meus pensamentos em busca de um pouco mais dos seus.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sem

E então de repente você percebe seu corpo tomado por aquela sensação de vazio, como se tudo estivesse oco, incompleto. Nada está bom. Lugar nenhum está bom. Sabor nenhum está bom. Você fica inquieta, incomodada. Anda de um lado para outro, abre mil vezes a geladeira. Come, na esperança de que aquilo vai te preencher.
E nada.
Então bate uma saudade de "sei lá o que", aquela vontade de ter um colo pra deitar sua cabeça. De alguém que te vele em silêncio. E você entende que está sentindo falta de alguém pra chamar de seu...

sábado, 24 de dezembro de 2011

"Zulmira"

A vi pela primeira vez dançando, completamente alheia a tudo o que se passava ao seu redor. Com um copo de cerveja nas mãos, amigos em volta, os olhos maquiados com um traço negro bem marcado. À meia luz pude sentir que, por instantes, seu olhar cruzou o meu. Apenas por instantes.
Senti o corpo congelar e descongelar num estalar de dedos.
Zulmira é misteriosa. E real. Daquele tipo difícil de decifrar. Atenciosa, sorridente e blasé. Tudo ao mesmo tempo. E não consigo saber o que se passa. E não consigo entender seu olhar. Tampouco ler seus sinais - e se são realmente sinais.
(...)

domingo, 6 de novembro de 2011


Seus dedos iam deslizando pela parede áspera e seus olhos seguiam procurando no chão um lugar seguro para seus pés pisarem. Enquanto passava seu cheiro ia perfumando o caminho e invadindo todos os cômodos da casa. Ela estava insegura, mas não queria voltar atrás.
Se aproximava da porta e o corredor ficava cada vez maior atrás dela. Tocou levemente a maçaneta e, por um segundo, quis sair correndo. Pensou em desistir, mas algo mais forte a forçava ficar. Segurou a maçaneta, agora mais forte e empurrou a porta, revelando do outro lado um quarto iluminado por velas e um corpo moreno, envolto a lençóis brancos a sua espera.
Sentiu seu corpo congelar e ficou ali, parada, em pé na porta. Não conseguia mais dar um passo sequer, não tinha coragem, não fazia sentido, não sabia o que fazer, como agir. A morena levantou-se e foi lentamente caminhando em sua direção, sorrindo. Estendeu-lhe a mão e a conduziu para dentro. Envolveu-lhe num abraço, passou a mão por suas costas e tirou-lhe a blusa, dizendo que assim ela se sentiria mais confortável.
Deixou-se levar pela morena, totalmente passiva a todas aquelas carícias, a todos os toques. Sentiu seu corpo se arrepiar nas experientes mãos da morena, que lhe arrancava suspiros e gemidos a cada movimento.
Se enroscou nos braços daquela que pela primeira vez a fez se sentir completa e, com um largo sorriso de satisfação adormeceu.