sábado, 19 de março de 2011

A menina certa

olhares.com

Laís vivia procurando em si alguma coisa que explicasse o motivo pelo qual não conseguia se relacionar com ninguém. Seria seu humor ácido, sua maneira direta de falar as coisas? Ou seu corpo? Seria aquela pinta? Seria seu cabelo ou seu nariz?  Ela simplesmente não entendia. Não havia nada de errado, segundo seus amigos. Ela era linda.
Qualquer mulher se apaixonaria por você, deixa de ser boba - dizia sua melhor amiga. Aquela que estava sempre por perto e que carregava nos olhos uma admiração quase que sagrada pela amiga. 
Mas por mais que Laís tentasse, se entregasse, se envolvesse, sempre acabava machucada, ferida, despedaçada, chorando nos ombros de sua amiga.
Cansei, não quero mais! Não vou me envolver com mais ninguém! choramingava, após mais uma decepção.  

[continua ]

segunda-feira, 14 de março de 2011

quando chega a hora


A gente sabe. Quando não há mais jeito, a gente simplesmente sabe. Fiquei ali por horas, sentindo uma tristeza no peito, uma angústia por ver aquele amor se esvair. Elas já não se entendem mais como antes. As palavras doces deram lugar à impaciência e as caretas. A xingos esbravejados.
A gente sente, mas por uma infinidade de "razões" (nada racionais às vezes), empurramos com a barriga, fingimos não ver os sinais que estão ali, estapeando nossas faces o tempo todo. 
Era como se fosse eu, como se estivesse revivendo cenas de um passado que teima em se manter vivo em minha memória, enquanto me esforço para esquece-lo. Era como se eu pudesse sentir toda a dor que elas sentiam toda vez que brigavam uma com a outra. Era eu tentando não dizer coisas e me sentindo uma idiota por não conseguir controlar as palavras, por não saber como voltar atrás, por não saber como não ferir.
Ve-las perdidas é como me perder também. E não poder fazer absolutamente nada.
Eu sei, elas sabem. Quando chega a hora a gente sempre sabe.