sábado, 31 de julho de 2010

tempo II



Ela deu um profundo suspiro e acordou de sobressalto ao sentir seus lábios serem docemente tocados. As nuvens e o vento anunciavam a tempestade que estava por chegar. O perfume daquela por quem tanto esperara inebriava seus sentidos e tomava conta de todo o ambiente.
Os ponteiros do relógio agora já nem faziam tanta diferença. Aliás eles foram completamente esquecidos. Seu corpo fora tomado por ondas de arrepio que, vez ou outra apareciam, deixando expostos seus poros e denunciando seus sentimentos.
Seus corpos se encontraram, sem se importarem com a chuva que caía lá fora e com o adiantado da hora, anunciado pelos ponteiros do velho relógio.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

tempo


tic
tac
tic
tac
tic
tac
Seus olhos estavam vidrados,
presos aos ponteiros do relógio que cumpriam à tradição suíça
e não se deixavam atrasar. Excelentes trabalhadores.
Tampouco cediam à tentação do tempo e à vontade dela para que acelerassem.
Sentada em sua confortável poltrona, pouco roupa - o calor não permita mais do que trajes leves.
A espera tornava tudo angustiante demais.
tic
tac
tic
tac
tic
tac...
Será que ela vem?
O suor percorria seu corpo como se traçasse um caminho a ser descoberto. O desejo desenhava em sua mente cenas que ansiava  viver.
Vinho - tinto - para relaxar. Velas para manter o ambiente à meia luz. Perfuuuuuuuuuuuumeeeeeeeeee....
O tesão...
tic
tac
O relógio soa as doze temidas badaladas e ela ainda não apareceu. A dança dos ponteiros faz com que adormeça.
tic
tac
tic
tac
E é no meio da madrugada, quando já entregue ao cansaço e ao tempo que ela desperta com um doce beijo de sua amada.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O não dito

Não. Não nesta noite. Não aqui e não neste momento. Não foi, definitivamente este o combinado. Eles estavam ali o tempo todo, gritando para você.  Os tais sinais que insisto em não perceber.
Minha miopia cega-me  por completo diante de fatos que outrora considerava infudados. Mas agora sim, fazem todo o sentido.
O não sexo faz com que experimente outras sensações. A não carícia, o não toque, o não suspiro e o não gemido. As não descobertas, o não calor e o não gozo. O não tudo!
Não foi assim e, tampouco ouso afirmar se algum dia será. E o que resta desta não noite...gélida...é apenas mais um corpo solitário, estirado numa cama de um quarto escuro qualquer. Perdida em pensamentos e engolida pelo armargor daquilo que não foi dito.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

fugás


E te quero assim. Para que deliberadamente possa percorrer você.
Te sentir tão úmida, faz meu coração acelerar descompassado.
E te quero nua. Com aquele sorriso sacana que só você sabe fazer.
Me tira de órbita.
Te tenho assim, em minhas mãos. E minhas mãos e meu corpo e meu cheiro fazem você levitar.
Você vem comigo num balanço cadenciado de corpos, enquanto voam as borboletas.
Nem me lembrava do som suave que elas faziam e da sensação gostosa que provocavam.
Te pego assim, desejando meu sexo.
E te deixo ali, desfalecida e com aquele sorriso fugás que só você sabe me dar.

domingo, 18 de julho de 2010

quereres


Sim, sou cheia de quereres.
E em minha lista está você. Lá no topo.
Saiba que não desisto assim tão facilmente.
Até onde eu terei que ir para encontrar você?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

sobre todas as coisas


Isto tudo é sobre amar alguém que não te ama.
É sobre viver constantemente entre uma linha tênue que separa a realidade da loucura.
Sobre imagens, sons, sabores, cheiros, sentidos.
É dizer, querer, gritar.
É vê-la partir...com outro alguém.
E é sobre se sentir quase pronta.
Mas nunca é suficiente.
Você sabe...fazer o que?!
É sobre olhar para o futuro e decidir em que lado quer ficar.
É cair, se ferir, levantar...é sobre redenção.
E é sobre se permitir. Sobre crenças e carências. E carícias.
Isto tudo é sobre como mesmo assim alguém pode simplesmente...
Amar novamente.
E isto tudo é sobre mim...e também sobre você.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

[des] cordenada


A gota de suor escorrendo pela testa anunciava o que acabara de acontecer. O cheiro de sexo pairava pelo ar. Seu corpo ainda trêmulo,  estava jogado em cima da cama. Ela mal podia acreditar.
Finalmente tiveram seu primeiro encontro. Aquele que por tantas vezes fora exaustivamente ensaiado em suas mentes. E que já provocara horas de conversas quentes ao telefone.
Tudo era como imaginara...o corpo, o cheiro, o beijo, o gosto.
E foi então que ao abrir os olhos ela percebeu que tudo não passara de um sonho.

uma vez mais


Sim. Eu fiz de novo.
E tenho feito repetidas vezes.
Tenho estado aqui, esperando por você. Incansavelmente.
Apenas respirando...respirando...respirando.
Você pode sentir!?



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domingo, 11 de julho de 2010

alcance


Tão longe e ao mesmo tempo tão perto.
Sua voz não sai da minha cabeça.
Sou capaz de sentir seu cheiro sem nem ao menos tê-lo sentido.
Meu corpo se arrepia a cada toque... do telefone.
É ela...
Te dispo com a mente.
Lhe lanço olhares de fogo.
As mãos querem desvendar seu corpo e trazer à tona sensações já conhecidas.
Os lábios queimam.
Quero seus beijos, sentir seu gosto, ouvir seus sons.
Quero você em mim. Bem perto.
E sentir de uma vez por todas que você é real.